quarta-feira, 14 de abril de 2010

Invisível na universidade. (Poema em sete minutos)

Oito e um,
Pra ficar invisível sem capa, escolha seu moletom branco mais confortável,
E decida sair antes da meia hora de sete.

Ver pessoas,
Em fila, sem estar enfileiradas, sem ser indianas.
Todos os tipos de alma, buscando cedo o conhecimento.
Caminhando, fazendo pose ao vento,
E eu na contra-mão.
Acordam cedo e comem o pão de suas casas,
Colocam suas melhores peças e vem desfilar. Alguns notadamente querendo ser notados.
Casacos, camisetas, óculos
Por trás das lentes um olhar atento, pra dentro.
Verde, amarelo, vermelho, jeans.
A moda, as passarelas das tops ficariam com inveja.
Todas cabeças em busca de seu objetivo – diplomar-se.

Eu os vejo, mas não quero ser vista.
Vim com a roupa invisível, o moletom vermelho, mais de 12 anos comprado, já herdado daquele amigo que me quis bem.
Cabelos desgrenhados, unhas transparentes – invisível.
Ops, paparazzi – abaixa a cabeça e segue, atravessa a rua, atravessa os carros, invisível.
Geisa que se cuide.

E eu não me escondo.
Se madrugo é por necessidade
Se não tem pão, tem cantina,
Em cinco minutos mil calorias matinais, com muita gordura e açúcar, pouco nutriente.
Mas eu estou na contra-mão,
Invisível. Inadimplente. Correndo contra o tempo, contra todos, a meu favor.
Quem não me vê,
Não conhece.


Mariana Sosnowski – poema em 7 minutos. Trajeto de um café-da-manhã de quarta-feira.

14/04/2010

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